dia 30 de setembro do ano passado nós subimos num avião e voamos pra nova york. nossa viagem estava marcada pra 5 de setembro, depois adiamos para dia 30 por causa do show da bjork no começo de outubro, q afinal nao conseguimos ver. mas ela foi lá e fez os shows.
estávamos indo pra ficar na casa de amigos que moram no brooklyn -- logo dp do atentado a gente foi se falando, passados uns dias eles ja estavam tranquilos, e nos transmitiram essa tranquilidade, entao fomos. eu nao conhecia nova york e por isso tive q fazer um exercicio e tanto pra "enxergar" as torres q tinham caído. a cidade tinha pouco turista e andando pelas ruas achei o povo calmo, sendo que sempre me disseram que eram nervosos e estressados.
tinha manifestacao anti-guerra por toda parte, em camiseta, panfleto, escritos no chao, banners, adesivos em carros. só uma vez vi um cara usando uma camiseta com a cara do bin laden, que dizia "dead man walking". a cidade estava coalhada de bandeiras americanas de todos os tamanhos. vimos a 5a avenida tomada por bombeiros com roupa oficial, em frente à st patrick´s cathedral, e o prefeito giuliani entrando pra mais uma missa aos mortos. tambem vi gente paranoica, como a dona da loja onde comprei um relogio, q estava em constante pavor.
fizemos um passeio de barco em volta de manhattan e vimos estruturas de ferro do wtc retorcidas, espetadas em predios vizinhos. mtos lugares estavam fechados pra visitação, tipo o empire state building e a estatua da liberdade. andamos de metrô o tempo todo, de dia, de madrugada -- estava sempre lotado. éramos revistados em todos os lugares turisticos, sempre com educacao e calma, sem nenhuma truculencia.
dp nós fomos pra boston, tb ficar com amigos, e em cambridge vimos o mesmo tipo de manifestacao anti-guerra. o aeroporto logan foi o lugar em q se percebia bem o tamanho do trauma, pq um dos avioes sequestrados saiu de lá. militares de todos os tipos, as malas tinham q ser revistadas antes de serem despachadas, bolsa, casaco, tudo passava por objetos e maquinas especializadas e no embarque fomos revistados dos pes à cabeça, especialmente os pés!
com tudo isso, o q mais me espantou nessa viagem foi que americanos de geracoes muito diferentes tinham a mesma pergunta na cabeça. nossos anfitrioes em boston, um esclarecido casal na faixa dos 60 anos, e os vizinhos de porta dos nossos amigos do brooklyn, esses na faixa dos 30 anos, esclarecidos idem, se perguntavam: why do they hate us?
pra nós brasileiros isso soava surreal. porque aqui a gente conseguiu entender rapidamente o porquê do atentado. mas eles nao conseguiam. essa mini amostra de pessoas americanas falando sobre o ataque ao wtc confirma tudo aquilo q é chavao por aqui -- de que eles sao incapazes de olhar pra fora, q so vêem o proprio umbigo. e vc sabe q nao vai adiantar tentar explicar como a gente enxerga isso. eles realmente nao tem a menor ideia do que é ser não-norte-americano.
e aqui todo mundo tb entende que os terroristas atuaram no plano psicologico, revertendo as expectativas de um povo que segue muito à risca padroes e manuais. os fundamentalistas usaram uma especie de jeitinho, que nao tem registro na mentalidade dos americanos.
esse atentado foi um horror, porque só matou gente comum e gente comum nao é o governo do país. do mesmo jeito, os fundamentalistas não são o islamismo, que prega, inclusive, a igualdade entre homens e mulheres. bush é um horror e bin laden é um horror.
a r q u i v o
11.9.02
Postado por
jupix
às
9:58 PM
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