a r q u i v o

23.5.03

Andei ouvindo cada coisa sobre o Michael Moore por aí -- que ele é um marketeiro de uma figa, que a abordagem dele é fascista (?), que a roupa esculhambada é fingida, enfim.

Tudo bem, ele é um tanto personagem de si mesmo mesmo, mas me passa a impressão de ser um indignado autêntico, como era o Ernesto Varela na década de 80, por exemplo, guardadas as devidas proporções, porque o Varela era irreverente porém desencanado, sem compromisso.

Eu adorei Tiros em Columbine.

A entrevista com o Marilyn Manson, um verdadeiro sábio gótico revelado, é memorável.

A conversa com o policial sobre se o cachorro de carabina no ombro tinha ido pra cadeia ou não parece filme do Buñuel de tão surrealista.

E põe surrealismo nisso. A dupla de adolescentes psicopatas descerebrados, de boné virado, é assustadora. Um deles fabrica napalm em casa e reclama que foi classificado como o delinqüente nº 2 da cidade -- queria ser o nº 1, pelo menos seria o primeiro em alguma coisa, dã...

Mas cá entre nós, morar numa daquelas cidades americanas, todas iguais, com o mesmo Walmart, o mesmo hamburguer com picles e a mesma pipoca gigante, deve dar vontade de sair dando tiro em todo mundo mesmo.

Sensatos foram os carinhas do South Park que viraram “desenhistas”. Eles e o Marilyn são as pessoas mais equilibradas que aparecem no filme.

Falando em desenhista, e o cara da milícia que é desenhista e tem um monte de metralhadoras em casa?

E o Charleton Heston, o inesquecível Moisés de peruca dos Dez mandamentos e herói do Planeta dos Macacos? Como é que pode um ator, um artista, que fez filmes memoráveis, ser CuClucsClã?

E agora entendi porque os americanos acham os canadenses chatos: é que eles tem um monte de arma e não usam!! “Mas então qual é a graça?!?!”, devem pensar os gringos.

E pior: ainda por cima os canadenses vivem com a porta da frente destrancada! Mesmo quando entra ladrão! “Ô povo chato, que não passa fogo nem quando um assaltante entra em casa, for crying out loud, jesus mary joseph!”

E vem aí o filme dele sobre o Osama (o Lampião do século XXI, como nos declarou outro dia à noite um escrevinhador nordestino que vendia seu livro de bar em bar) – ôba.

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