a r q u i v o

7.10.03



Acho que não pensava em FLICTS desde que li o livro quando era criança. Lembra -- o FLICTS era uma cor tipo burro-quando-foge, que se sentia deslocada das outras cores:

"Não tinha a força do Vermelho
não tinha a imensidão do Amarelo
nem a paz que tem o Azul.
Era apenas o frágil e feio e aflito Flicts."

E no fim o FLICTS só se achou, só sentiu em casa, quando foi pra Lua, “porque a Lua era FLICTS”.

Lembro que esse livro me causou um impacto forte, porque as páginas eram ilustradas com listas enormes, de cores vivas, chapadas, e ainda por cima as tais listas eram os personagens, em vez de gente ou bicho ou fada.

Tudo isso porque hoje vi um documentário sobre o Ziraldo, na STV, em que a Daniela Thomas, filha dele, conta uma história incrível. FLICTS foi publicado em 1969, ano em que aqueles três americanos sortudos pousaram de foguete na Lua. Logo depois, o Neil Armstrong, o único que pisou em solo lunar, veio ao Rio, e por conta disso alguém sugeriu que se fizesse um único exemplar de FLICTS em inglês, para dar de presente a ele.

Assim foi feito e o Ziraldo então foi se encontrar com ele no Copacabana Palace, levando junto a Daniela, que tinha 10 anos. Entregaram o exemplar especial do FLICTS para o incrível Neil, a maior celebridade da época, que folheou pacientemente, lendo página por página. No final, ele fechou o livro, virou pro Ziraldo e disse:

“The moon is FLICTS.”

O Ziraldo ainda teve a presença de espírito de perguntar se ele podia escrever a frase que tinha acabado de falar, e assim ele fez, num exemplar em português de FLICTS, assinou, e ainda por cima sublinhou o verbo "is". Uau!