Não sei quem é mais imbecil, se a Folha, por apontar Dogville como um filme antiamericano, em duas matérias na Ilustrada da sexta-feira, ou se a crítica do site nominimo.com.br, que faz uma aproximação com o episódio do fichamento dos americanos, dizendo que o filme "não é nada mais que uma defesa do princípio da reciprocidade. Uma longa e brilhante justificação do olho por olho, dente por dente". Como disse o lúcido filósofo Renato Janine Ribeiro, falando sobre o mesmo assunto, "Reciprocidade é: eu trato você bem, você me trata bem. Retaliação é: você me trata mal, eu o trato mal." Em outras palavras, só um cretino pode achar que Dogville PREGA a vingança. A ignorância ou má fé de jornalistas desse tipo leva aquele leitor que-só-vai-ao-cinema-se-o-jornal-gostou-do-filme a misturar a visão crítica do Lars von Trier com antiamericanismo. Só um idiota não enxerga que o filme espelha cada um de nós. Esses formadores de opinião retrógrados ficam fomentando o antiamericanismo, como se ser antiamericano fosse motivo de orgulho. Estão é caindo na armadilha preparada pelo próprio Bush, que declarou ano passado que qualquer pessoa ou país que fosse contrário à invasão do Iraque estava sendo, automaticamente, antiamericano. Os descerebrados que fazem essas e outras coisas ridículas, tipo, parar de frequentar o McDonalds porque-o-Bush-atacou-o-Iraque estão semeando em si o mesmo ódio generalizado que, a longo prazo, acabou levando uma mãe islâmica fundamentalista de 22 anos a detonar uma bomba amarrada no próprio corpo com um sorriso beato no rosto.
a r q u i v o
17.1.04
Postado por
jupix
às
2:21 PM