Eu acho fascinante ouvir/ler comentários sobre moda feito por estilistas ou críticos. Para qualquer coleção, em qualquer desfile, o discurso é sempre igual: confuso e vazio. Entretanto, é recheado de palavras-chave hype-marketeiras, pra que o ouvinte tenha a ilusão de estar se antenando com o "novo" e, com isso, se mantendo "moderno". É mais ou menos assim:
O desfile do estilista Jáder TerraBranca Spensky foi tudo. Ele criou uma transvanguarda chic, com inspiração em Elvira, a Rainha das Trevas, acessando referências do militarismo argentino e do vudu haitiano, misturando o light 50´s do American Dream com uma evocação à diva negra Grace Jones, toques do dark gótico, e estampas de motocross hi-lo.
Desconstruiu a alta-costura, forjando uma brincadeira tecno-hype quase barroca, beirando o rococó, o orientalismo dos anos 20, e a atitude on-the-road dos beatniks, transmutada numa reinterpretação de Disney, mas sem deboche.
Os tecidos sinuosos dos vestidos-trapézio superabreviados são ‘dead sexy’ e viajam numa cartela de cores glam: citrus, fuligem, uva-itália, laranja sujo, bege-pele, marrom casca de kiwi, azul heaven, roxo-hematoma, branco-cupuaçu e branco fruta-pão.
O fuseau de vinil preto, hit sado-masô, pós-goth e neo-futurista, com um certo ar retrô 70´s, um certo realismo socialista nostálgico e uma certa agressividade primitiva na linha átila, rei dos hunos, pode e deve estar em um look descontraído, com regata e havaianas, por que não?
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