wim wenders e aprendendo




land of plenty, do wim wenders, só saiu em dvd, embora uns meses atrás eu tenha visto cartaz dele num cinemark, anunciando a estréia. topei ontem com o filme na locadora. achei que é uma obra-prima, filmado digitalmente, o que só melhora o ar contemporâneo e o tom absurdamente verdadeiro. é a visão do cineasta sobre "a alma americana" dois anos depois do ataque ao wtc. e é muito parecida com a visão que nós temos dos americanos, como o povo centrado no umbigo, que não viaja pro exterior porque tem certeza de que a america é o único lugar que existe, o resto é sempre invasão alienígena.

é um filme oposto a “as torres gêmeas” (que vi em seguida, no mesmo dia), filme-falcon do oliver stone, previsível, tedioso, com iluminação de novela das oito, com o nicholas cage fazendo cara de conteúdo duas horas seguidas, mesmo preso sob os escombros.

a entrevista com o wim que tem no dvd é tão preciosa quanto o filme em si; "a america colonizou o nosso subconsciente", ele diz no começo. se ele que é alemão acha isso, imagina como seria isso pra nós, que não somos a alemanha e estamos no mesmo continente.

"where are you from?" resposta: “my country is not a place. my country is my people.” é o que um cara de turbante, paupérrimo, responde pra missionária lana num abrigo pra sem-teto num bairro miserável de los angeles (lana é a michelle williams, ex-tolinha angustiada do dawson´s creek e incrível atriz no filme). lana vai cruzar o caminho de paul, veterano do vietnã perdido na vida, que perambula por los angeles numa van cheia de equipamentos de comunicação, obcecado em descobrir possíveis complôs terroristas.

ps – depois fui ver no site do wim que o último filme que eu tinha visto dele era aquele como o sam shepard ("don´t come knocking"), que eu achei pretensioso, canastrão, babão nas coisas "cool" americanas (roupas, trejeitos, jeito de falar e outros clichês...).