a r q u i v o

6.9.07

Big Heroes

Vou contar essa história antes que eu esqueça os detalhes.

Recentemente, durante a aula que faço de pilates, eu estava contando pra minha professora que o meu pai tinha lutado pela FEB na Itália, na segunda guerra mundial. Eu estava contando isso porque meu pai tinha falecido fazia uns 15 dias e eu estava lembrando dele. Aí ela disse que o pai dela também tinha lutado pela FEB na Itália! Primeira pessoa na vida que eu encontrei que também teve um pai que fez isso. O meu pai era cabo e desarmava minas terrestres, o pai dela era piloto de combate.

Em fevereiro de 1945, numa manhã de neve forte, o pai dela estava voando baixo e o avião dele foi atingido e ele foi ferido. Ele conseguiu pular, o avião se estabacou pra um lado, e ele pousou de pára-quedas em território inimigo, num campo coberto de neve e, ferido que estava, ali onde caiu ficou, desacordado, uniforme de piloto, a lona enorme caída por cima. Como era comum de acontecer, pessoas que passaram por ali resolveram roubar a lona do pára-quedas, porque valia dinheiro, só que acabaram roubando também a roupa dele, de modo que ele ficou nu sobre a neve, num campo no interior da Itália ocupada pelos alemães. Acontece que logo depois um jipe com alemães passou por ali, eles viram aquele homem ferido nu e, sem saber se era amigo ou inimigo, tiveram o dever de recolhê-lo para tratar dele.

Parece que os alemães eram grandes neurocirurgiões naquela época e acontece que o ferimento do pai dela tinha sido na cabeça, provocado por estilhaços de granada. No hospital pra onde o levaram, ele foi operado com sucesso por médicos alemães e só quando se recuperou é que ficaram sabendo que ele era brasileiro e, portanto, inimigo. Ele então foi levado pra um campo de prisioneiros e, tempos depois, quando estava a ponto de ser levado pra Alemanha como prisioneiro de guerra, foi resgatado pelo aliados, porque já era o fim da guerra.

Anos depois, ele foi aos Estados Unidos fazer uma cirurgia para colocar uma “tampa” de platina na área do crânio que os alemães tinham operado “de forma brilhante”, como atestaram os médicos americanos.

Uau, isso é uma tremenda história. O pai dela se chamava Roberto, e o meu também. Tinham um ano de diferença de idade, nunca se conheceram. O pai dela faleceu em 1990, o meu em 2007.

Cris Brandini é a minha professora, ela é dançarina de dança contemporânea e está no YouTube em Little Hero e Little Hero II:



2 comentários:

Anônimo disse...

lindo post!

jupix disse...

que bom, obrigada, tati!